Rascunho
Por tanto tempo eu não soube como encarar minhas tristezas reais. Sempre foi mais fácil enfeitá-las, transformar cada fisgada aguda no peito em poema, imagem nostalgica e refrão de músicas. Hoje eu já não sei mais como encarar meus vazios, já que sempe fugi da realidade crua, do que realmente acontece quando essa pressão esmagadora toma conta de mim, mas eu simplesmente não tenho tempo pra tentar entender. Me lembro quando costumava cronometrar quando iria chorar, e encenava pra mim mesmo o momento que sentiria o ápice do lamento, tudo muito inocente e cinematográfico.
Hoje, sem permissão, meus olhos se enchem e minha face se contorce em um retrato destorcido e rubro de lamento e angústia. Já não aprecio as lágrimas, mas corro pra secá-las, envergonhado e patético. Com olhos inchados e nariz escorrendo, tento sussurrar pra mim mesmo que tá tudo bem e sigo o compasso do dia.
Eu realmente desejo ser outra pessoa.
Meu coração é tolo e ingênuo. Passei a chorar por qualquer demonstração de carinho.
Me convenço que chegará alguém capaz de ficar, depois de tudo, de todo o meu humano, de todo o meus fiasco. Depois de me ver de manhã de cara inchada e de entender que preciso de remédios controlados e de que não posso mais viver sem me exercitar.
Alguém, por favor.
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