The Boy With The Thorn In His Side

Sentado aqui no meio da noite, sozinho, eu me dou conta que ainda sei me comunicar, e que escrever, deveria ser um dever de todo ser humano vivente.É estranho quando você passa tempo demais sem escrever, passa a não se conhecer, as palavras não vão juntando umas as outras e o sentido vai se esvaindo, como uma daquelas conversas com pessoas que você costumava conversar muito, mas não conversa tanto assim mais, então vocês as vê e logo elas querem que você morra, suma, atravesse correndo a rua como se estivesse esquecido alguma coisa, qualquer porra, elas só querem que você se vá, porque seria cruel demais se elas simplesmente dissessem algo como : porque você não se cala e vai embora ?
Acho que chega uma etapa na vida das pessoas em que eles tendem a odiar aquilo que criaram e o que as criou.É como se a força que fizeram pra criar determinada coisa, fosse empregada totalmente na mesma, e a partir daí, ele vai se esvaindo até chegar a um ponto intolerável.
Tenho lido muito ultimamente, como nunca lí em toda minha vida.Escritores que eu nunca imaginei que encararia, livros antigos e surrados, livros novos, ganhados, adquiridos, emprestados, achados.Livros com dedicatórias , livros da minha mãe e até livros de auto-ajuda, o ponto máximo da incapacidade humana.Escrevem linhas e mais linhas do que consideram uma salvação e ainda tem a cara de esperar que você mesmo se ajude.Eu poderia simplesmente considerar cada letra uma total insanidade e denunciar o autor por tentativa de assassinato.Também nunca fui tão amargo e gordo.
Engordei porque passei a prestar mais atenção no que vou fazer enquanto como, do que aquilo que vou comer.Assistir à um filme e comer uma porção de purê de batata e bife; Viajar e comer um sanduiche completo enquanto senta por mais de três horas, um sanduiche a cada hora, alguma coisa pra beber e toda aquela merda se liquefaz e balança, da até pra escutar o barulho de tudo aquilo chacoalhando, então se come mais e mais, e tudo balança de novo.
Tenho lindo bastante Hemingway.Nesse livro em especial, ele disse um negócio que ficou na minha cabeça por dias: "The most painful thing is losing yourself in the process of loving someone too much, and forgetting that you are special too.
Bukowski achava o Hemingway um bunda mole, mas ele realmente me pegou de jeito nesse verso.
Acho que passei um bom tempo sem lembrar quem eu era, do que eu gostava, aonde eu queria ir ou escutar ou fazer no fim de semana. Qual era minha banda favorita e minha cerveja favorita, o que eu gostava de assistir quando ligava a tv, o que eu sentia quando fazia frio, as cores que eu gostava, até o que eu odiava eu esqueci
Tudo girava em torno de você, minha querida.Eu sabia do que você gostava, como você gostava, sua música preferida, seu grupo preferido, seu estilo em se vestir, seu desenho animado favorito, seus escritores favoritos.Me pegava analisando se você gostaria ou não de estar em determinado lugar, se você gargalharia de uma piada que eu contasse ou contassem pra você.Provavelmente me perguntaria se ia ser adequado eu rir também.Passava tempo demais escolhendo qual palavra escolher, qual expressão usar, o que omitir, enfim, não sobrava mais nada do que restou de mim, cada pedacinho era você, desde quando eu acordava, até a merda indo embora pelo encanamento, era tudo você.
Ninguém deve se sentir amedrontado ou envergonhado em sentir isso.Fui assim durante muito tempo, só faz mal.Tudo se acumula e dói, até seu estômago passa a trabalhar de forma ruim.O velho escreveu em Portions from a Wine-stained Notebook um trecho muito verdadeiro :
"...minha teoria é que se você é gentil consigo mesmo, será sincero e gentil com os outros, até certo ponto."
e foi uma das maiores verdades que li nos últimos tempos.Eu precisava ser mais gentil comigo mesmo, então me perdoe mundo, mas eu vou ter que ser um pouco mais verdadeiro, isso não significa que preciso ser um filho da puta pra sempre, mas que preciso me respeitar mais.
Acredito que todos tem sua maneira de enxergar as coisas, um cachorro morto pode ser visto como uma obra de arte ou um pedaço fétido de podridão.Então tenho certeza de que as vezes você apenas acha que dá o melhor de si para as pessoas, mas sempre falta alguma coisa, está na natureza humana essa coisa de nunca estar agradecido ou satisfeito.
Ou talvez você não fez o melhor mesmo (que acho que foi o meu caso) mas não foi sincero consigo mesmo de qualquer forma e se perdeu, se doou demais, mesmo não que não tenha oferecido nada muito proveitoso.
As coisas devem ter sido feitas para funcionarem dessa forma.Eu ainda gosto muito de você, minha querida, poderia passar minha vida inteira a seu lado, mas fui um cretino estúpido e covarde e me cansei mesmo sem ter feito merda algum de valor, ao menos sinto que não.
Não pensei em escrever isso um dia assim, tão impessoal e sincero, mas essa é a bagagem que se leva de tudo, de tudo que se leu e fez.
Acho que nem isso aqui vai adiantar, as vezes a gente só fala ou escreve pra se enganar e colocar um ponto final que continua piscando pra se tornar qualquer outra pontuação.E aí tudo voltar a se formar como um quadro escroto e assustador, porém lindo e maravilhosamente bem perfumado. Seu cabelo milimetricamente penteado e sua cara de maça, daquelas que você não acha que existe, e são muito caras, até ver uma na frutaria e confirmar que realmente existem. Sua pele que parece extremamente bem cuidada e macia, como se você tomasse mil banhos por dia, seus olhos que nem precisam ter profundidade e recitar mil poemas enquanto se reviram ou giram para baixo para analisar qualquer coisa sem importância alguma, suas roupas bem passadas e sem fiapos.
Acho que visualizar as coisas e senti-las, as vezes é mais saudável do que evitá-las, isso só te torna alguém azedo e inconformado.Então não me leve a mal se eu tomar alguns minutos do meu dia pra te visualizar, fazendo coisas normais ou mesmo quieta em algum lugar.Isso não fará mal pra mim, nem pra você, eu prometo, nada de pesado, superficial ou maligno irá resultar disso, porque acredito que cresci e evolui e é isso que pessoas que cresceram fazem, imaginam e visualizam e dormem e comem bem e vão a lugares e riem e andam de carro e voltam par dormir e visualizar e sonhar.
Eu não sei se vai contar muito pra você hoje, se vai te ajudar de alguma forma amanhã, depois, num dia chato, ou em um dia em que você estiver entediada e resolver pensar em coisas aleatórias, mas, nas profundezas do que eu acreditava que nunca mais fosse surgir qualquer coisa, nasceu essa raiz. raiz de carinho.Quero que saiba que eu quero irradiar apenas isso daqui pra frente, uma fonte de carinho e de sentimentos bacanas e louváveis, como um poeta. Acho que é isso o que importa nesse mundo de hoje.
Tudo deve seguir naturalmente, o dia já irá amanhecer, pra você e pra mim também.
obrigado.

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