Verdadeirismo
for my brother, happy birthday. "pega pra mim esses ovos que estão na porta da geladeira, por favor" foi a primeira coisa, depois de um singelo "olá" que ele me falou, quando cheguei de viagem. As malas no chão e o sapato horrivelmente encardido, ele observa. Alguns cartões encima da mesa, um copo deixando marca na mesinha de vidro, um livro novo na cabeceira, o banheiro recém enxuto, a televisão com volume baixo. Nós não conversamos muito, sempre foi assim, mas eu sei que ele conserva essa coisa do real, do sentimento verdadeiro. Quando fala algo, é tomado de razão e emoção, muito teatral, quase visceral. Eu sei que ele levanta a noite e procura algo no armário que ele mesmo escondeu; Eu sei que ele caminha descalço, porque acha os pés muito quentes; Sei que ele quer plantas em casa, mas tem medo de deixá-las morrer. Assim como eu, ele ama madrugadas e dias de chuva, amendoins e filmes caseiros, a rapa do purê da mamãe e a Beat Generation. Sei também que ele ac