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Mostrando postagens de outubro, 2023

Rascunho

Por tanto tempo eu não soube como encarar minhas tristezas reais. Sempre foi mais fácil enfeitá-las, transformar cada fisgada aguda no peito em poema, imagem nostalgica e refrão de músicas. Hoje eu já não sei mais como encarar meus vazios, já que sempe fugi da realidade crua, do que realmente acontece quando essa pressão esmagadora toma conta de mim, mas eu simplesmente não tenho tempo pra tentar entender. Me lembro quando costumava cronometrar quando iria chorar, e encenava pra mim mesmo o momento que sentiria o ápice do lamento, tudo muito inocente e cinematográfico. Hoje, sem permissão, meus olhos se enchem e minha face se contorce em um retrato destorcido e rubro de lamento e angústia. Já não aprecio as lágrimas, mas corro pra secá-las, envergonhado e patético. Com olhos inchados e nariz escorrendo, tento sussurrar pra mim mesmo que tá tudo bem e sigo o compasso do dia.  Eu realmente desejo ser outra pessoa. Meu coração é tolo e ingênuo. Passei a chorar por qualquer demonstração de

Tesoura

Nós não nos despedimos propriamente. Depois de tantas lágrimas  e latas de cerveja cheias de bituca de cigarros, nos esvaimos. Eu fingi tão rapidamente um personagem de mim mesmo quando te vi sem querer, pelas ruas que a gente não consegue escapar. Sorri, como sorriem os prisioneiros de guerra já sem motivo ou forças.  Meu sorriso já não entrega nada mas segue estampado dada a ocasião. Eu nem consegui reparar os seus detalhes não consegui observar seus cabelos nem seu sorriso. Sei que ele encontrou o meu, apenas, nada mais do que isso. Não tem desespero não.