Fosse bem mais fácil não ser
Eu penso muito em como as coisas se mechem com o vento. Penso se eu, enquanto coisa, devo me mover com o vento também, ou preciso permanecer gente e aguentar firme a forma como ele me acerta. Duro como tronco de árvore ou leve, como as folhas da planta que deixei morrer na varanda. E assim caminha os dias. Eu o vejo balançar as árvores, levar sacolas, dobrar guarda chuvas, sem pensar muito no esforço o qual ele emprega em tudo isso. Na verdade, eu preciso só pensar nele mesmo, porque pensar no vento me alivia a alma. Como se fossemos antítese: aquele que arrebate tudo sem avisar ou pedir licença e o outro, que só observa e é atingido, vez em quando, pelas coisas que ele movimenta. De certa forma, me sinto meio vento, mas como aprendi a sintetizar meus sentimentos antes de me denominar qualquer coisa que seja, eu me sinto vento na forma. As vezes dissipo. As vezes me esvaio. As vezes nem apareço. E como o vento é parte de uma manifestação múltipla da natureza, que requer outros derivado