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Mostrando postagens de setembro, 2020

Oportunidades para um pequeno desespero

Tudo girou de novo. Fazia tempo que não me via em espiral relativizando tudo, não aconteceu muita coisa perdido entre pés, mãos, cabeças, línguas, fluídos corporais de toda espécie revisitei por um breve instante o meu reflexo no espelho do banheiro embaçado pela orgia e pela fumaça estive de fora, estive na mira, depois me perdi agora estou preso a caça, agora essa caçada é só um tapete em pedaços. só uma paródia de mim.  mas é só o álcool falando. enquanto eu escutava músicas desconexas de um quarto a outro ecoando como dezenas de animas famintos rodopiava em alguma espécie de robe de seda, e acendendo mais um cigarro  revisitei aquela história do psiquiatra de Pernambuco que, para se conectar consigo mesmo e tentar para de fumar plantava bananeira enquanto fumava dizia não sentir a fumaça permanecendo  tudo isso lendo Jung.  A loucura do ser humano está diretamente ligada a busca pela sanidade  mas quem sou eu pra ser são, antes de enlouquecer? mas quem sou eu? 

Chama

Um mestre do verso, de olhar destemido,disse uma vez, com certa ironia : "Se lágrima fosse de pedra eu choraria"  Mas eu, Boca, como sempre perdido  Bêbado de sambas e tantos sonhos  Choro a lágrima comum, que todos choram  Embora não tenha, nessas horas, Saudade do passado,  remorso ou mágoas menores  Meu choro, Boca, dolente, por questão de estilo,  É chula quase raiada, solo espontâneo e rude  De um samba nunca terminado  Um rio de murmúrios da memória de meus olhos,  e quando aflora serve, antes de tudo,  Para aliviar o peso das palavras  Que ninguém é de pedra.